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Eu e os Outros

Uma espécie de memórias

José António Saraiva

  • Edição Abril 2019
  • Colecção Fora de Colecção
  • ISBN 978-989-616-888-9
  • Páginas 216
  • Capa Brochada/capa mole
  • Dimensões 15,5x23
€12,50 €7,50

O novo livro de José António Saraiva.

O programa A Noite da Má Língua começava com um cartoon animado onde um exemplar do Expresso, jornal que eu dirigia, era metido na sanita – ouvindo-se a seguir o ruído inconfundível de um autoclismo a descarregar. Depois, o jornalista Vítor Moura Pinto dizia mal da última edição do jornal e de mim próprio. Isto acontecia todas as semanas.

Pois bem: muitos anos depois, Júlia Pinheiro considerava magistrais os comentários de Moura Pinto, elogiava Emídio Rangel por permitir o programa e felicitava Balsemão por resistir às minhas supostas queixas. Ou seja, todos eram bons menos o Saraiva – que, por acaso, era a vítima no meio daquilo.

Já agora esclareço que nunca me queixei a Balsemão. Semanalmente o meu jornal era atacado numa televisão que até fazia parte do mesmo grupo, mas calava-me – porque não está na minha natureza fazer queixinhas. As queixas, por estranho que pareça, vinham até do outro lado…

Eu e os Outros - Uma espécie de memórias de José António Saraiva
por Ernesto Rodrigues no jornal Sol

Retrato de um sujeito equilibrado, confiante, subtilmente irónico, de opiniões cortantes, começa por um olhar sobre a família, entre a paixão de pensar em profundidade de seu Pai ou o consumo de sapatos da Mãe, até aos sobressaltos pós-tecnológicos.

O Expresso como escola de jornalismo e as derivas maldosas da SIC radiografam a imprensa escrita dos anos 80 e o frenesi televisivo de 90.

Perfila-se uma certa Lisboa (e Algés, sim) em lugares hoje perdidos, mas o interesse dos leitores incidirá sobre figuras, esboçadas quanto baste, para as conhecermos pela pinta. Só Marinho Pinto e Vicente Jorge Silva se salvam (e, quanto a este, lá vem uma teoria sobre a amizade...).
Um momento alto é o desenho de Oliveira e Costa, em oposição à confiança que os de fora de Lisboa ainda nos merecem, como dizendo que nem tudo está perdido. Neste ponto, ‘A saca de carvão’ é um verdadeiro e delicioso... conto. E a burocracia dá azo a um excelente ritmo de ficção (como nas derrotas até à vitória final sobre a piscina alentejana). Mas a ironia suprema, cinematográfica, é ‘Uma víscera na garganta’, de sufocar a rir...