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Nau Capitânia

Como E Com Quem Começou O Brasil

Walter Galvani

  • Edição Janeiro 2000
  • Colecção Fora de Colecção
  • ISBN 978-972-662-742-5
  • Páginas 332
  • Dimensões 0 x 0
€15,65 €14,09

Sim, estava feita a escolha. Pedro Álvares seria o próximo. E que a Índia, que lhe trouxe o honrado Gama, fosse tarefa sua. Lá consolidariam a presença portuguesa. Logo assinaria a carta designando-o.
- Alteza, sinto não estar à altura! - talvez hesitasse o jovem fidalgo.
- É cedo. Mas é tarde - replicaria o rei. - Portugal não espera.
Pedro, longe dos seus reis em pleno mar. A um Cabral restava acatar a decisão real. Nada mais.

O jornalista e escritor Walter Galvani nasceu a 6 de Maio de 1934, em Canoas, no Rio Grande do Sul, Brasil. Desde 1955 trabalha na imprensa de Porto Alegre, onde diariamente apresenta um programa cultural na Rádio Guaíba. Ao longo da sua carreira de 45 anos, conquistou diversos prémios jornalísticos. Galvani publicou ensaios, crónicas e novelas, e Nau Capitânia é o seu sétimo livro. Para escrever a saga de Pedro Álvares Cabral, retratando a Europa que renascia e os primeiros passos do Brasil, fez uma pesquisa de quatro anos sobre os Descobrimentos, residiu em Portugal durante seis meses e percorreu a Espanha, Itália e França, onde, em fontes primárias, realizou minuciosa busca histórica.


Um Livro e Um Autor
Por Celina Veiga de Oliveira, Professora e Historiadora

É um livro oportuno. Foi escrito no momento certo - pelos vistos pela pessoa certa - e a edição em Portugal saíu no ano certo, já que se comemoram este ano os 500 anos do primeiro encontro luso-brasileiro. Chamo encontro a essa aventura já com cinco séculos porque gosto da palavra: é prática. À Gradiva, que soube ter aquele sentido de oportunidade de "pescar" para Portugal o livro e o autor, os meus parabéns.

É um livro espantoso. Tem solidez histórica, dá garantias de seriedade (basta consultar a bibliografia), ensina sobre o Portugal renascentista, a vida na província, os anos da infância, Lisboa, o rio, a azáfama marítima, as cortes do grande D. João II - el hombre - e de D. Manuel, o carácter dos portugueses, o mar, a viagem de Pedro Álvares Cabral, os pilotos, o domínio científico e tecnológico dos portugueses, Pêro Vaz de Caminha e o seu encantamento pela nova terra achada tão expressivamente registado na sua famosa Carta. O autor soube com mestria condimentar verdade histórica com liberdade ficcionista e beleza de estilo, o que torna o livro interessantíssimo. Quem diz que a história não casa com poesia?
Ah, o mar! Quem me dera estar sofrendo o agitado balanço das ondas, ver o horizonte subir e descer, o longo fio da areia desaparecer e surgir, a montanha a furar o cerco das nuvens, a água, a terra e o céu, tudo a ligar-se, desfazer-se e tornar a crescer, ouvir o guincho desesperado das gaivotas, o brado dos marinheiros dependurados nos mastros e nas cordas.

Este livro resgata a figura de Pedro Álvares Cabral, o navegador português, arquitecto e protagonista do primeiro encontro luso-brasileiro, e por isso também património cultural do Brasil, porque nos diz quem ele foi, os seus momentos de glória e de desencanto, e porque procura esclarecer alguns mistérios da sua vida. E fá-lo com uma grande motivação interior. Obrigada, Walter, é o mínimo que posso dizer como portuguesa.

Mas quem é o autor?
Como Pêro Vaz de Caminha, é um escritor de profissão. E, também como ele, um arguto jornalista, atento aos pormenores que condimentam a escrita. Não deixa de ser curioso o facto de Pêro Vaz de Caminha ter registado com emoção tudo o que observou na chegada à Terra de Vera Cruz. Mal ele sabia quanto estava a ser inovador à luz dos padrões do nosso tempo, um tempo em que a emoção está a alcançar, pela voz autorizada do cientista e escritor António Damásio, o patamar a que legitimamente tinha direito.
Escrever temperando verdade com emoção não deve ser fácil. Mas este prestigiado jornalista e premiado escritor, que se sentiu tão bem ne pele de historiador, fê-lo, provando que a história pode ser construída não abdicando da emoção.