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Amor, Matemática e Outros Portentos

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Jorge Buescu

  • Edição Outubro 2022
  • Colecção Ciência Aberta, Livros acabados de sair de LEI DO PREÇO FIXO
  • ISBN 978-989-785-186-5
  • Páginas 160
  • Capa Brochada/capa mole
  • Dimensões 13,50 x 21,00
€12,50 €7,50
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«O Jorge tem um conhecimento enciclopédico da Matemática, que excede largamente a sua área de especialidade. E sabe transmiti-lo como ninguém. Tenho também a certeza de que é o maior responsável pelo recente interesse de jovens e adultos portugueses pela Matemática. Os seus livros de divulgação da matemática têm sido verdadeiro serviço público […] Estou em crer que os leitores se irão divertir ao conhecer estes temas que, tratados por outra pena que não a do Jorge, poderiam ser considerados difíceis. Ele tem o condão de tornar não só inteligível como excitante qualquer tema de Matemática, por mais árido que possa parecer.»

Professor Carlos Fiolhais (do Prefácio)

Excertos da apresentação de Jorge Calado, Professor catedrático de química-física e de termodinâmica química no IST e actual crítico cultural do Expresso, aquando do lançamento de Amor, Matemática e Outro Portentos de Jorge Buescu, em Lisboa.

«O que é que faz do Jorge um grande comunicador e divulgador de ciência? Para já, dois predicados: (i) um talento especial para olhar para a ciência como o desenrolar de um longo fio ligando o progresso recente com o passado científico, destacando o carácter incremental da ciência (memoravelmente expresso pelo colossal Newton numa carta de 1675 onde dizia que via mais longe porque se empoleirara nos ombros de gigantes); (ii) uma atenção especial ao humanismo das personagens que escolhe. As e os cientistas das suas histórias são sempre figuras memoráveis de corpo e alma inteiros, mulheres e homens com qualidades e defeitos, forças e fraquezas. Ajuda o facto de a bisbilhotice humana se agarrar, como uma lapa, à história. Jorge possui também o engenho e a arte para espalhar a ciência por toda a parte: este é o seu sétimo livro e o nº 241 na colecção Ciência Aberta da Gradiva.»

«Não é a primeira vez que vemos o amor de braço dado com a matemática. Há oito anos (2014), o russo-americano Edward Frankel (n. 1968), professor da Universidade da Califórnia em Berkeley (teoria das representações, electrodinâmica quântica), publicou "Amor e Matemática: O Coração da Realidade Escondida" ("Love and Maths: The Heart of Hidden Reality"), editado em português pela Casa das Letras. Mas enquanto o livro de Frankel é semi-autobiográfico e trata do seu amor pela matemática, capaz de salvar um miúdo judeu do jugo anti-semita da Rússia soviética, o de Buescu diz respeito ao amor humano e de como ele se entrelaça com o progresso científico. Pelo meio, Jorge recorda o boato da falta de um Nobel de Matemática devido à má-vontade de Alfred Nobel para com o matemático sueco Gösta Mittag-Leffler, putativo rival de Nobel nos amores por uma dama. É verdade que os dois não se davam, mas o motivo para a exclusão da matemática fora bem mais prosaico: Nobel queria premiar as descobertas e invenções que trouxessem 'benefício para a Humanidade', e considerava a matemática demasiado teórica, sem grande impacto no progresso das nações (uma opinião, aliás, partilhada por muitos matemáticos). Quanto a Mittag-Leffler, membro do Comité Nobel em 1903, sabe-se que pugnou para que o Prémio Nobel de Física fosse também atribuído a Marie Curie (e não apenas ao marido, Pierre, juntamente com Henri Becquerel).»

«Quero referir outra qualidade deste livro: senti que foi escrito para mim. Dou apenas dois ou três exemplos. A propósito de William Henry Young (1853-1942) – uma das metades de um muito produtivo casal de matemáticos; a outra metade, Grace Chisholm Young (1868-1944) era ainda melhor que ele – Jorge cita G(odfrey) H(arold) Hardy (1877-1947), eminente professor de matemática em Cambridge que depois se transferiu para Oxford. Quando eu frequentava o 7º ano do liceu (equivalente ao actual 12º), o meu pai ofereceu-me "A Course of Pure Mathematics" (1908); ainda era aluno do IST quando comprei o famoso livro de C(harles) P(ercy) Snow, "The Two Cultures and the Scientific Revolution" (1959) que muito me. influenciou. Quando, nos anos 1960, estudava e trabalhava em Oxford para o meu doutoramento, comprei outro livro de Snow, "Variety of Men" (1967), onde um dos biografados era Hardy. Aprendi com Snow que os grandes livros são, em geral, pequenos – como "A Mathematician's Apology" (1940), de Hardy, um dos meus livros de cabeceira que li ao longo da vida uma dezena de vezes (até porque ele escrevia com a clareza de uma mente brilhante). Era também um daqueles que pensava que a sua matemática devia ser praticada como arte, pois não servia para nada; portanto, não se punham problemas éticos à sua investigação. (Na verdade, serviria para muito; os seus trabalhos sobre teoria de números viriam a ser fundamentais para o desenvolvimento da criptologia nos anos 1970.) Hardy mudou-se para Oxford em 1919 como Savilian Professor of Geometry and Astronomy (cátedra fundada em 1619, New College), e aí passou os anos mais produtivos e felizes da sua vida (até 1931, quando voltou para Cambridge. [Tinha abandonado Cambridge em protesto contra  'O Caso Bertrand Russell', demitido do Trinity College em 1916 por 'questões de saias'; Russell casou 4 vezes, fora as amantes.] O meu supervisor de tese em Oxford, Lionel Staveley, contou-me que, quando foi eleito fellow do New College (1939), sempre que Hardy visitava Oxford – o que acontecia regularmente – sentavam-se juntos na 'High Table' para poderem conversar sobre cricket, para ambos uma paixão quase obsessiva.»

«Jorge Buescu  escreve para os outros, sem se preocupar com o seu umbigo. Aposto que muitos leitores sentirão o mesmo que eu senti (embora as ressonâncias mentais sejam outras): Amor, Matemática e Outros Portentos foi escrito para elas e para eles, e para cada um(a) em particular. Aposto que vai ser outro grande sucesso.»