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«Procurei, através do diálogo, proporcionar uma experiência de entretenimento culto.»

A morte é um tema intemporal, sobre o qual todos tendemos a pensar. E tem ocupado os filósofos ao longo dos tem­pos, com divergências que tornam o debate vivo e interessante. Evitando o modelo expositivo, Pedro Galvão op­tou por explorar esta temática da mor­te com recurso ao diálogo no livro Três Diálogos sobre a Morte, recentemente publicado pela Gradiva. Uma outra for­ma de trabalhar a filosofia, num livro que convida a reflectir.

Porquê a morte? Do ponto de vista filosófico qual diria que é a principal preocupação na discussão deste tema hoje?

A morte é um tema que teve desenvol­vimentos muito significativos na filoso­fia das últimas décadas. Em parte, foi por isso que escolhi este assunto. As questões filosóficas que a morte sus­cita são bastante diversificadas, mas diria que a questão central é a de sa­ber o que torna a morte um mal para quem morre, supondo que esta é o fim da existência. Alguns filósofos, na es­teira de Epicuro, negam que a morte seja um mal, mas a maioria pensa que, de um modo geral, esta é efectivamen­te má. Mas porquê? O mal da morte resulta de que factos? Aqui os filósofos têm muitas divergências interessantes.

Decidiu explorar o tema através do diálogo. A ideia era ir além de uma perspectiva puramente académica, permitindo chegar facilmente ao «leitor comum»?

Já escrevi bastante para um público amplo. Estava cansado de escrever no modo expositivo habitual e apeteceu‑me experimentar o diálogo. Se corres­se mal, recuava... Comecei a escrever. Não vi razões para recuar. Demasia­das vezes, parece que as coisas sérias têm de ser aborrecidas e que as coi­sas divertidas têm de ser superficiais, mero entretenimento. Querendo fugir a esta dicotomia horrorosa, procurei, através do diálogo, proporcionar uma experiência de entretenimento culto. Espero que os leitores aprendam e que se ponham a pensar, mas também que guardem uma memória aprazível da leitura.

Para quem pretende aprofundar o tema da morte, o que diria que pode encontrar neste livro?

O leitor poderá inteirar‑se, com um grau razoável de precisão e profundi­dade, das principais perspectivas filo­sóficas sobre a natureza e o mal da morte. Poderá perceber como estas diferem, quais são os seus aspectos mais apelativos e que dificuldades en­frentam. Será levado a examinar ar­gumentos intrigantes, a imaginar si­tuações fora do comum, a explorar possibilidades em que provavelmen­te nunca pensou. Tudo isso é apaixo­nante, desde que se tenha a sensibi­lidade certa