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António José Saraiva e Luísa Dacosta: Correspondência

Ernesto Rodrigues (ed.)

  • Edição Janeiro 2011
  • Colecção Fora de Colecção
  • ISBN 978-989-616-455-3
  • Páginas 144
  • Dimensões 0 x 0
€12,90 €7,74

Correspondência trocada entre um dos expoentes da cultura portuguesa e um vulto maior do mundo da escrita, numa época assinalada por acontecimentos marcantes que aqui são comentados e analisados com lucidez e sensibilidades singulares. Uma obra que é sim

«Neste momento, trato do P.e António Vieira e da escravatura. Como sabe, o Vieira defendia a liberdade dos Índios, mas propunha a escravização dos Negros do outro lado do Atlântico. Porquê? Porque os Jesuítas se propunham constituir um grande império na América do Sul e, para isso, precisavam de dominar os Índios, ­ ao passo que não tinham projectos relativamente à África.»

 

 

«Mas tenho um problema grave de dispersão. Acabo por não fazer nada com profundidade. Realismo, Marxismo, Jesuítas, Inquisição, Escravatura, Alienação – como é que tudo isto pode caber num saco? Sou, ao mesmo tempo, um jornalista, um ensaísta e um amador de investigação, e, ainda por cima, gosto de viver à flor da pele, tomar banhos de sol e nadar (ou fingir). E, para complicar mais as coisas, gosto de dormir 8 ou 9 horas por dia. »

 

 

«Na sua origem, o neo-realismo correspondia a um movimento forte de pensar. Era um coração que batia ao ritmo do mundo. Era um vento sadio que varria miasmas. Era a consciência adequada de uma mesma situação. Receio, todavia, que, hoje, se tenha tornado uma capelinha, destinada a justificar a mediocridade de umas tantas pessoas, a manter carreiras e posições.»

 

 

«A minha experiência parisiense convenceu-me da inutilidade absoluta da chamada acção política da “oposição”. As pessoas que nela militam passam a vida a convencer-se de que fazem alguma coisa e têm alguma importância. São viciados, drogados. Entretêm-se, e não fazem coisíssima nenhuma. Isto é verdade tanto para o PC, como para os velhos republicanos.»